Antes frequentado apenas por empresas, os leilões de carros estão recebendo mais consumidores comuns. Segundo leiloeiros ouvidos por UOL Carros, cerca de 20% dos arremates são feitos por pessoas físicas -- quatro vezes mais do que há cinco anos. Também de acordo com eles, o veículo de leilão tem preço, em média, 30% menor que o de tabela. Mas a compra requer cuidados, e antes de bater o martelo o consumidor precisa ficar atento a alguns aspectos. "Há depreciação no preço para compensar o risco que a pessoa corre. O carro é vendido no estado em que se encontra e não há garantia", explica o leiloeiro Moacir de Santi, da Sodré Santoro Leiloeiro Oficial.
O carro pode ter problemas mecânicos, e nesse caso os reparos são por conta do comprador. Custos com documentação e eventual transporte (como guincho), também não estão incluídos. E ainda podem haver débitos, como multas ou impostos atrasados. "Por isso é importante ler o descritivo da venda no edital do leilão, que tem essas informações. O interessado também deve comparecer na vistoria física, feita pouco antes do leilão, para ver o estado do veículo", alerta Santi.
Em São Paulo, o Detran divulga em seu siteos editais de leilões de carros apreendidos.
Há pechinchas, como modelos superesportivos apreendidos pela polícia. "Já vendemos uma Ferrari pela metade do preço, um desconto de R$ 1 milhão, e que não tinha nem 1.000 km rodados. Mas aí é 'carro de bandido'. Não é todo mundo que topa usar um modelo com esse histórico", revela um leiloeiro que pede para não ser identificado. Outros casos curiosos são de veículos roubados e depois recuperados, que podem ter sido usados na prática de crimes -- apresentando até marcas de tiros na lataria.
Mas a maioria dos carros leiloados é de carros financiados que foram apreendidos por falta de pagamento, ou então "sinistrados" -- ou seja, acidentados. Carros que tiveram perda total, após o recebimento da indenização pelo proprietário, são levados a leilão pelas seguradoras. "O carro muito batido, ou atingido numa enchente, é mau negócio, mas há carros que sofreram danos pequenos no caminhão-cegonha, no transporte entre o fabricante e o concessionário. A seguradora paga ao fabricante, mas o carro está quase novo", orienta o leiloeiro. Além do risco e do histórico do carro, outra desvantagem da compra em leilão é que o veículo precisa ser pago à vista. Lojistas tradicionais, é claro, desaconselham a compra de carros em leilão.
"O proprietário que está com o financiamento muito atrasado sabe que terá o veículo apreendido e já não cuida mais dele. Alguns até depenam, tirando rodas originais e equipamentos. São carros muito maltratados", afirma Nasser Salloum Filho, diretor comercial da Caltabiano e responsável pela área de seminovos. Ele ressalta que a concessionária não trabalha com veículos arrematados em leilão.
Para Salloum Filho, outros problemas são a dificuldade para avaliar o real estado do carro antes do leilão e a baixa aceitação depois. "O carro de leilão ainda é discriminado no mercado. Há uma depreciação de até 40% na revenda e a maioria das seguradoras recusa cobrir o modelo", diz.
Há lojas menores que compram carros de leilão -- 80% dos arremates ainda são por pessoas jurídicas. Nem sempre a "procedência" menos nobre é revelada ao consumidor.
Por ora, a única maneira de saber se um carro à venda numa loja -- cuja documentação geralmente vai estar em nome da própria loja -- passou por um leilão, independentemente do motivo, é solicitar laudo em empresa especializada. Esses relatórios mostram toda a "vida" do veículo, incluindo acidentes e proprietários anteriores.
Fonte: UOL Carros
Link original : http://carros.uol.com.br/noticias/redacao/2013/09/13/carro-de-leilao-custa-30-mais-barato-mas-ha-riscos.htm